quarta-feira, 26 de maio de 2010

O outro lado da moeda



Por Catiane Magalhães

Parafraseando o presidente Lula, nunca na história desse país um feriado nacional foi tão inexpressivo como o 1º de maio – Dia do Trabalho –. E não vou atribuir a culpa ao calendário, por ter caído num sábado, dia de folga para a maioria dos trabalhadores, exceto aos que atuam no comércio, indústria e serviços de emergência. Ainda que caísse em plena segunda-feira, chamada de ‘dia de branco’, iria, do mesmo modo, passar pálido e despercebido para os trabalhadores ávidos por um ócio, seja para descansar ou para servir de plateia de manifestações em dia como este.

Mas a história parece ter sido apagada e o Dia do trabalhador transformado em um feriado qualquer. O motivo? É que os manifestantes mudaram todos de lado. Eles (os movimentos de esquerda), que historicamente sempre estiveram na condição de estilingue pronto a dar a primeira de tantas badogadas, experimentam a estranha sensação agridoce de está na condição de vidraça. Sim, agridoce por ter necessariamente que experimentar do mel e do fel que o poder proporciona, e, diga-se de passagem, nem sempre na mesma proporção.

Afora pequenos e isolados movimentos, pouco se viu ou ouviu falar das reivindicações trabalhistas promovidas pelos sindicatos de todas as classes. Também pudera, é feio e pega mal fazer pressão e cobranças a companheiros de velhas e longas caminhadas. Os mesmos que há pouco tempo faziam a mesma marcha, os mesmos pedidos, num discurso afiado e dedos apontados para todos os erros e defeitos cometidos e acometidos pelos seus opositores. Na ocasião, ditos governo.

Engraçado que ao trocar de lado esses mesmos companheiros não enxerguem a solução para os velhos e conhecidos problemas. Pior, que adotem discursos, posturas, comportamentos e medidas antes amplamente criticados.

Pois é, o atual governo provou do próprio veneno, talvez por não acreditar que um dia chegaria realmente ao poder. E agora, embora nos bastidores e discretamente, ou melhor, por debaixo dos panos e dos tapetes, brigam entre si, já que pensamentos e interesses divergem dentro do mesmo grupo.

E nesse “fogo amigo” travado entre os companheiros, muitos já estão jogando a toalha, ou melhor, deixando as camisas e bandeiras de lutas e causas que defenderam por toda a vida para associarem a novos companheiros, já que os antigos não são mais reconhecidos em seus discursos, comportamentos e interesses.

(Quase um mês depois, mas finalmente atualizando o blog)

Um comentário: