domingo, 1 de maio de 2011

A plebeia de objetivo nobre


Por Catiane Magalhães


O assunto mais comentado da semana no mundo inteiro foi disparadamente o casamento do príncipe William, herdeiro do trono inglês, com a até então plebeia Catherine Middleton, que, agora princesa, deve abdicar do singelo apelido Kate, como era chamada antes da cerimônia.

O mundo parou, literalmente, diante da televisão para ver cada detalhe do evento mais esperado e anunciado dos últimos tempos. Mais de um terço do planeta viu, através da telinha, a celebração. A troca de alianças e juras ocorreu exatamente no mesmo local onde, há três décadas, o príncipe Charles, pai do noivo, casou-se com a também plebeia Diana, atraindo todos os holofotes: na Abadia de Westminster, em Londres.

As comparações entre a nora e a falecida sogra são inevitáveis, e vão para além da ascendência simples. O estilo, as roupas e joias usadas, e, sobretudo, o comportamento da atual princesa serão para sempre igualado ao de Lady Di. A nova princesa já desperta, inclusive, o mesmo interesse que a mãe de William despertava na imprensa e no mundo fashion.

Mas, sem dúvida, o que mais chama a atenção é a repetição da história dentro da realeza britânica: pela segunda vez, uma plebeia torna-se princesa. Simples, assim, como nas estorinhas que ouvimos na infância.

No caso de Kate, o conto de (sa)fadas, apesar de nobre, pouco, ou nada, tem de real. Ao contrário do que se noticia, não foi bem por acaso que a agora duquesa de Cambridge conheceu o príncipe encantado que lhe deu títulos de nobreza e vida de princesa. Não, definitivamente, não foi o destino o responsável pelo caminho dos dois se cruzarem, mas os ideais grandiosos da moça, que tratou de criar uma oportunidade para o encontro.

Ao saber que o herdeiro do trono real havia se matriculado na Universidade de St. Andrews, na Escócia, a ingênua, ou paciente Kate, como a própria imprensa britânica se referia a ela sobre a longa espera para subir ao altar, também se matriculou na mesma instituição, interessada muito mais em fisgar um bom partido que na história das artes.

Que justiça seja feita: ela só não! Uma legião de caçadoras de tesouros. Sim, uma pesquisa divulgou que em 2001, ano que William ingressou os estudos, a entidade registrou um aumento superior a 20% no número de mulheres que se matricularam no mesmo curso. Seria isso uma coincidência ou conveniência?

Diante dos diversos enquadramentos que os meios de comunicação, sobretudo a televisão, deram à união do século, como fizeram questão de batizá-la, enfocando o início, o rompimento e o retorno da relação, além de cada detalhe do casamento, como vestido, bolo, carruagem, pouco se ativeram a esse detalhe. Apenas uma reportagem exibida pela Rede Globo mostrou, em tom meloso, que, além de paciente, Catherine Middleton é também sonhadora.

A matéria revelou que, desde criança ela dizia que ia se casar com o príncipe, e traçou sua meta até chegar a ele. Estranhamente nenhum profissional, destes que avaliam o comportamento humano, foi ouvido para traçar o perfil da princesa. Em qualquer outro caso, a conduta poderia ser diagnosticada como a de um psicopata ou, pelo menos, de uma pessoa dissimulada, obcecada, como os vilões de novela que passam parte da vida arquitetando um plano, um golpe. Mas, estavam falando da doce Kate, a futura rainha (que nunca será por não ter sangue nobre) e o diagnóstico não podia ser outro: trata-se de uma jovem muito decidida, obstinada. Ah, tá!

Não posso negar que muito inteligente também. Afinal, entre arquitetar um plano e executá-lo perfeitamente há uma distância considerável. Além do mais, a vida real é muito diferente de novela, onde tudo sai conforme o planejado. Aqui nem sempre é assim. De fato, Catherine Elizabeth Middleton se sobressaiu às milhares de concorrentes, que, como ela, tinha o mesmo propósito ao ingressar na universidade naquele ano. Ou alguém tem dúvida de que William seria o melhor diploma?

Tomara que, ao contrário de Diana, ela caia nas graças da xará, a rainha Elizabeth II, e que, como nos contos de fadas, tenha um final mais feliz que o da sogra. É só o que posso desejar à Lady Kate que agora já tem a grana e o glamour.

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