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Foto: Internet
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Por Catiane Magalhães
Uma semana após um beijo fictício entre duas mulheres causar tanto alvoroço nas mídias oficiais e sociais do Brasil, um fato da vida real, que quase passou despercebido não fosse as poucas linhas traçadas por um ou outro veículo da terra tupiniquim, deu um tapa de luva na intolerância praticada pelos fundamentalistas religiosos.
Desde que foi ordenado como líder
máximo da igreja católica, o papa Francisco provou que veio para quebrar dogmas.
E assim o tem feito, abordando temas como divórcio e união homoafetiva, entre
outros tidos como tabus dentro da instituição, desconstruindo a ideia de uma
igreja e um Deus inflexíveis.
O pontífice abdicou de alguns
luxos e também do pseudo poder que o seu “cargo” lhe confere de julgar e condenar
quem quer que seja. Aliás, o santo papa, como é chamado na igreja, vem
surpreendendo com declarações e posturas revolucionárias. Em 2013, por exemplo,
ele afirmou: "se uma pessoa é gay e busca a Deus, quem sou eu para julgá-la?",
chocando a ala ortodoxa da sua própria igreja e das protestantes.
Enquanto outras correntes
religiosas discriminam, o papa Francisco tenta estabelecer um novo catolicismo
que acolhe, sobretudo as criaturas mais rejeitadas, assim como fez Jesus ao
escolher andar com os leprosos e prostitutas.
No último sábado, o pontífice deu
mais uma demonstração de tolerância e amor ao próximo, recebendo um cidadão
espanhol transexual (que nasceu mulher e na vida adulta optou pela cirurgia de
mudança de sexo) e sua namorada.
O encontro deu-se após a troca de
algumas cartas e telefonemas de Diego Lejárraga ao líder católico,
denunciando o preconceito que vinha sofrendo na paróquia que frequentava, onde
o padre o proibiu de comungar e o teria chamado de “filho do diabo”.
Quem esperou que o sereno papa
Francisco reiterasse as palavras do colega religioso e excomungasse o abominável
ser dos infernos, condenando-o espiritualmente e o banindo da comunidade
católica, se frustrou, pois o nosso hermano argentino, radicado na Itália,
abriu as portas não apenas da Santa Sé, mas de toda a igreja. E ao acolhê-lo,
pronunciou: “Deus aceita-te como és”.
Ora, bolas! Se até o doce Chico, que está mais próximo de Deus, diz que o
Todo Poderoso aceita as pessoas pelo que elas são, por que diabos nós, reles
mortais cheios de pecados, fraquezas e defeitos, nos sentimos no direito de
julgar e sentenciar nossos semelhantes? Será que somos tão dignos e puros a
ponto de atirar a primeira, segundo e milésima pedra responsável pelo
linchamento social destas pessoas?
Não, eu não sou politeísta, mas há de existir outros deuses que não sejam
o meu, em nome dos quais as pessoas saem disseminando ódio e intolerância. Porque
o Deus que eu creio não está nem um pouco preocupado com o corpo, genitália ou
indumentária, pois Ele, assim como o papa, é pop e não poupa ninguém.
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